27.7.10

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa iniciou, em 1989, com o longa metragem O sangue, o que seria uma das mais sólidas e enigmáticas carreiras do cinema contemporâneo. Sua obra resiste a qualquer tipo de classificação.

Se de um lado ela se destaca por sua abordagem de algumas temáticas tais como a migração, a pobreza e a globalização, por outro, ela surpreende pela magnificência formal encontrada no rigor com que compõe seus quadros, na sua maioria, fixos, e na longa duração dos planos. Com uma dedicação ímpar, Pedro Costa filma a vida dos imigrantes pobres que vivem nos chamados “bairro de lata” de Lisboa, muitos deles imigrados de Cabo Verde. Mas o trabalho dele transcende outros com temáticas semelhantes em função do domínio que tem sobre o cinema clássico, da beleza de seus planos, da precisão de sua montagem e da intimidade sem precedente dos retratos apresentados.

O uso que o cineasta faz de camêras digitais portáteis para um discurso tão elaborado e em constante diálogo com uma constelação de autores clássicos fez de seus filmes espécies de manifestos do cinema moderno e contemporâneo, uma prova tangível de que o cinema ainda pode ser livre e comprometido, politico e poético, ético e estético. Com uma obra nada extensa e um tanto clandestina – apenas 7 longas e 3 curtas em mais de 20 anos de produção - seu cinema começou, pouco a pouco, a ganhar a atenção e o destaque há muito merecidos quando instituições como a Tate Gallery, em Londres, e a Cinemateca Francesa dedicaram-lhe restrospectivas e homenagens.

Em setembro de 2010, é a vez do Centro Cultural Banco do Brasil prestar sua homenagem, com uma retrospectiva integral dos filmes de Pedro Costa, acompanhada por uma mostra de curadoria do próprio cineasta, a Carta Branca a Pedro Costa, com filmes de diretores como Eustache, Warhol e Straub. A mostra é organizada pela Associação Filmes de Quintal, que em 2007 realizou a primeira retrospectiva de Pedro Costa no Brasil, durante o forumdoc.bh.2007.



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